A TPM (tensão pré-menstrual) e a menopausa fazem parte do ciclo natural da vida feminina, sendo frequentemente acompanhadas por sintomas desafiadores como insónia,
irritabilidade, ansiedade, dores articulares e mudanças de humor. Nos últimos anos, tem se estudado o benefício do CBD e saúde feminina como uma alternativa natural para ajudar a equilibrar o corpo e a mente nestas fases. Mas será que a ciência confirma esse potencial?
Neste artigo, exploramos as evidências científicas sobre o uso do CBD e Saúde Feminina no alívio de sintomas relacionados com a TPM, o transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM) e a menopausa — reunindo dados recentes, limitações e novas perspectivas de investigação
CBD e TPM / TDPM
Durante a TPM /TDPM, as flutuações hormonais podem afetar significativamente o humor, o sono e a percepção da dor. O CBD atua no sistema endocanabinoide, responsável por
regular o equilíbrio interno (homeostase), o que o torna particularmente interessante no contexto feminino.
Embora já existam alguns ensaios clínicos que exploram o potencial terapêutico do CBD nestes sintomas, o número de estudos rigorosos, randomizados, que utilizem apenas CBD
e centrados exclusivamente na TPM ou na menopausa continua reduzido. Ainda assim, estudos observacionais reportam melhorias em irritabilidade, insónia, dor e ansiedade entre mulheres
que utilizam produtos à base de canabinoides (Cásedas et al., 2024).
Em 2024, um ensaio clínico randomizado avaliou o efeito do CBD oral isolado sobre sintomas menstruais e observou reduções significativas em irritabilidade, ansiedade, alterações
de humor e perceção geral de desconforto ao longo de três meses de consumo. Estes resultados sugerem um potencial terapêutico do CBD no alívio dos sintomas relacionados com o ciclo
menstrual (Ferretti et al., 2024).
CBD e Menopausa
A menopausa marca o fim do ciclo reprodutivo feminino, mas também o início de uma fase de adaptação fisiológica frequentemente acompanhada por ondas de calor, alterações do
sono, ansiedade e dores articulares. Embora a terapia de reposição hormonal (TRH) permaneça o tratamento de referência, nem todas as mulheres podem ou desejam recorrer a ela, o que tem
despertado o interesse por outras alternativas, entre as quais o CBD.
Um estudo recente (Babyn et al., 2023) revelou um aumento significativo na utilização de produtos à base de canabis entre mulheres na peri e pós-menopausa, sobretudo com o
objetivo de melhorar a qualidade de sono, reduzir a ansiedade e aliviar dores musculares ou articulares. Entre as participantes que utilizavam cannabis, cerca de três quartos relataram uso
com fins medicinais — sendo o sono (65%), a ansiedade (45%) e a dor articular (33%) os motivos mais frequentes.
No entanto, as evidências sobre os sintomas vasomotores — como as ondas de calor — permanecem contraditórias: enquanto algumas mulheres referem alívio, outras descrevem
agravamento, sobretudo em produtos que contêm THC.
Em modelos pré-clínicos, Khosropoor et al. (2023) relataram que o CBD atua como agonista do recetor PPARγ, um mediador com papel essencial na regulação do metabolismo
celular, da inflamação e da diferenciação tecidular. A ativação deste recetor tem sido associada a efeitos protetores em diversos sistemas, incluindo o metabolismo ósseo, o que sugere um
potencial interesse terapêutico do CBD em condições associadas à deficiência estrogénica. Além disso, a identificação de recetores endocanabinoides nos tecidos vaginais reforça o
potencial do CBD em formulações tópicas voltadas para o bem-estar íntimo e a saúde feminina.
Atualmente, está a ser realizado um ensaio clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo (ClinicalTrials.gov, NCT06804889) que avalia supositórios vaginais contendo CBD e
ácido hialurónico no tratamento dos sintomas da menopausa e na melhoria da qualidade de vida. Este estudo representa um passo promissor na investigação de terapias inovadoras,
centradas na saúde e conforto feminino.
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